domingo, 16 de junho de 2013

MANIFESTE UTILIZANDO A ARTE!



Estilista brasileira, mineira, que se consagrou como estilista no Rio de Janeiro em meados dos anos 50. Identificava-se na moda por ter uma linguagem pessoal e bem brasileira. Utilizava temas tropicais e brasileiros em suas coleções. Também matérias como pedras e rendas brasileiras.

Vestia as mulheres da alta sociedade carioca na época do regime militar instalado em 1964 no Brasil. Ou seja, mulheres de generais, tenentes e comandantes. Em 1970 inicia carreira fora no país. Conquistou o mercado norte-americano.

Zuzu, mãe do militante comunista Stuart Angel, estudante de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ativista do Movimento Revolucionário 8 de Outubro - MR-8,,  preso em 14 de maio de 1971 pelos agentes do Centro de Informação da Aeronáutica, pela sua oposição ao regime militar.

Após sua prisão Zuzu muda seus planos e abre seus olhos para realidade do sistema que vivia que estava inserida. O desaparecimento do seu filho após preso faz Zuzu iniciar uma busca incansável e desbravadora para encontrar o filho em todas as prisões e quartéis da capital, mas não obteve sucesso.
As torturas que Stuart sofreu até a morte foram narradas a Zuzu por meio de uma carta do preso político Alex Polari de Alverga. Segundo esse depoimento, Stuart foi arrastado por um jipe pelo pátio interno da Base Aérea do Galeão, com a boca no cano de descarga do veículo. Mais tarde, Alex ouviu os gritos de Stuart - numa cela ao lado - pedindo água e dizendo que ia morrer. Depois, seu corpo foi retirado da cela. Este depoimento de Alex consta do vídeo "Sônia Morta e Viva", produzido e dirigido por Sérgio Waisman, em 1985.

Ex-mulher do americano Norman Angel Jones, Stuart tinha cidadania americana. Por isso Zuzu conseguiu um grande espaço do governo americano e das celebridades da época, como Joan Crawford, Kim Novak, Veruska, Liza Minelli, Jean Shrimpton, Margot Fonteyn e Ted Kennedy, entre outros. Para denunciar as torturas, a morte e ocultação do cadáver de Stuart, tanto no Brasil como no exterior. Denunciou os fatos para a imprensa, entregando pessoalmente uma carta a Henry Kissinger, na época Secretário de Estado do Governo norte-americano. Utilizou sua fama para envolver o outro, a favor da sua causa.
Assim Zuzu iniciou sua jornada de desfiles protestos, o primeiros deles foi na embaixada brasileira em Nova York, 1974. Usando ao lado dos anjos, seu logo, figuras de crucifixos, tanques de guerra, pássaros engaiolados, sol. atrás das grades Jipes e quépis. O uso dessas metáforas foi a solução que Zuzu encontrou para simbolizar, em seu trabalho, a história de seu filho e sua indignação pelo sistema político de repressão e medo da época.


Em 14 de abril de 1976, às 3h, na Estrada da Gávea, à saída do Túnel Dois Irmãos (RJ), Zuzu morreu, vítima de um acidente automobilístico. O governo divulgou que a estilista teria dormido ao volante, fato contestado anos depois.

Uma semana antes do acidente, Zuzu deixara na casa de Chico Buarque, um documento que deveria ser publicado caso algo lhe acontecesse. "Se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho", dizia. Sua força e coragem inspiraram ao compositor, em parceria com Miltinho do MPB4, a música "Angélica", cuja letra pergunta, "quem é essa mulher?

Zuzu inspira e contribui muito com a pesquisa com sua história. Pois como o Manifesto, ela percebeu a realidade e a ditadura que estava inserida e resolveu não se conformar e nem aceitar o que vivia. Quis ir à luta como o filho fez, e também deu sua vida em busca de direitos e dignidade.

Além de ter sangue revolucionário, Zuzu  se revelava uma amante do Brasil. Pois sempre buscava ter referências do país em suas coleções. Este também é um objetivo do Manifesto buscar essa identidade brasileira e tropical além de protestar o sistema de governo atual..


Zuzu Angel foi sepultada pela família, em 15 de abril de 1976, no Cemitério São João Batista, Rio de Janeiro. Uma de suas duas filhas, a jornalista Hildegard Angel, foi a idealizadora do Instituto Zuzu Angel de Moda do Rio de Janeiro, uma entidade civil sem fins lucrativos, fundado em outubro de 1993.

O FILME DA HISTÓRIA DE ZUZU VALE A PENA ASSISTIR:
http://www.youtube.com/watch?v=hSDxP4d9liA

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